domingo, 30 de abril de 2017

Janela da Frente - PRIORIDADE AO ESPAÇO PÚBLICO - Paulo de Morais



 

Prioridade ao Espaço Público 

As Câmaras Municipais têm como primeira missão a gestão e manutenção de todo o espaço público, mas esta função tem sido completamente esquecida. Não há quaisquer sistemas de manutenção da via pública nas cidades, falha a vigilância territorial nos espaços rurais. Inverter esta tendência é um dos maiores desafios do poder local emergente das eleições de 2017; que estão à porta.
Nas zonas urbanas, em particular nas áreas metropolitanas, as ruas, os passeios, os jardins estão num estado deplorável. Passear nas cidades é um suplício. O risco de tropeçar em cada buraco num passeio é constante, afectando em particular os mais idosos. Quem viaja de autocarro, vê as suas colunas muito maltratadas face às irregularidades dos pisos das ruas. Como também não são limpas as condutas de águas pluviais, às primeiras chuvadas as cidades ficam inundadas. De tempos a tempos, há derrocadas de prédios, porque as câmaras abdicam do seu papel de fiscalizadores da segurança e salubridade dos edifícios. A iluminação é inexistente em algumas zonas, noutras abundam as lâmpadas fundidas; as consequências em termos de insegurança são inquietantes.
Nos meios rurais o panorama é análogo. O alheamento dos autarcas levou ao abandono do território e colocou este à mercê dos incêndios de verão, com as consequências que sentimos todos os anos. Morrem bombeiros, gasta-se centenas de milhões no combate aos fogos, abdica-se de potenciais lucros com comercialização de biomassa. Enquanto isto, as entidades públicas persistem num sistema de combate a incêndios cujos resultados são miseráveis e beneficiam apenas algumas máfias que se apoderaram do "negócio dos fogos".
Em vésperas de eleições autárquicas, de renovação no poder local, espera-se agora que não haja apenas uma mudança de nomes e dança de cadeiras, mas sim uma verdadeira regeneração. É bem necessária.