quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Janela da Frente - COLETES AMARELOS - Paulo de Morais



COLETES AMARELOS


A movimentação de cidadãos em torno de uma causa comum é sempre salutar. Em particular, deve ser saudada, num País com uma sociedade civil anestesiada, uma opinião pública pouco interventiva e, muitas vezes, manipulada por uma comunicação social servil ao regime.


É, pois, bom que as pessoas se manifestem, de amarelo, vermelho, azul ou preto. Se acham que o regime merece um cartão amarelo, então vistam-se de amarelo, em concentração, manifestação, ou até de forma isolada, no seu próprio local de trabalho. 

Manifestem-se, por poucos que sejam. Façam-no sem medo e sem ceder à pressão dos que pretendem coarctar a liberdade de manifestação ou lançar anátemas sobre manifestações espontâneas de cidadãos.

Numa manifestação informal, inorgânica e espontânea, ninguém deve assumir o seu comando ou tão-pouco apropriar-se da expressão da vontade dos demais. E, da mesma forma, ninguém pode ser responsabilizado por eventuais desacatos, a não ser os seus próprios autores ou quem os contratar ou manipular.

Aos que se manifestem (muitos ou poucos), desejamos uma boa jornada. De todos os restantes, apenas se exige tolerância democrática.


Das forças policiais, exige-se respeito pelos manifestantes pacíficos e legítimos, mas igualmente uma atitude implacável com quem perturbe a ordem, seja qual for o lado da barricada em que esteja (ou finja estar).

Paulo de Morais
19/12/2018

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Janela da Frente - Começar de novo - Maria Teresa Serrenho


Começar de novo

Mais um ano está a chegar ao fim. É habitual dizermos que passou num instante, que os anos voam, o que não deixa de ser verdade, no entanto para mim, este foi um ano tão diversificado em acontecimentos e emoções, que dificilmente posso considerar que passou num instante, pelo contrário parece-me que foi enorme. Olhando para trás constato que a minha acção cívica foi tão intensa que é quase impossível dissociá-la da minha vida privada.
Na vida privada tive momentos de amizade partilhada, de viagem, de convívio, de reencontro, de aprendizagem, de alegria e diversão, de ternura e gratidão. Mas também momentos de perda e de tristeza, que nos abalam e fazem pensar sobre o valor da vida e sobre as escolhas que fazemos para a aproveitar em cada momento.
Eu escolhi há muito, não ser conformista, nem revolucionária de sofá, mas antes uma cidadã activa e interventiva, por isso continuo aqui.    
Desde o início do ano que as acções da Frente Cívica se multiplicaram, foi o cessar de funções da Comissão Instaladora, a realização da Assembleia Eleitoral e logo de seguida a organização e apresentação da Iniciativa Legislativa de Cidadãos para vencer as PPP - Rodoviárias. Seguiu-se uma quase volta a Portugal, de norte a sul, desdobrámo-nos entre sessões de esclarecimento e recolhas de assinaturas.
Nestas andanças conhecemos pessoas interessantes e interessadas, pessoas que se dispõem a organizar eventos, que recolhem assinaturas junto dos seus conhecidos e familiares. Mas constatámos também, que há pouca capacidade de mobilização e pouca resiliência por parte da generalidade das pessoas.
O que agora indigna e revolta, amanhã já foi esquecido, sem consequências, nem acção, por isso ainda nos faltam assinaturas! Isto para não falar dos medos, dos medos que continuam a tolher e encolher as pessoas, que cada vez mais se auto-censuram e se privam da sua própria liberdade.
Lamentavelmente é grande a minha indignação e revolta, com o estado a que chegou Portugal: a corrupção que parece endémica, aparecem novos casos cada dia; a justiça que não actua; a decadência dos equipamentos em todos os sectores é evidente e cada vez mais preocupante; a falta de compromisso dos dirigentes, a ganância e ambição e os interesses económicos a sobreporem-se a qualquer valor humano.
Mas, o ano está a chegar ao fim e novo ano se seguirá, neste círculo de tempo em que o fim é sempre um recomeço. 
Vamos agarrar o nosso projecto de lei como se fosse a primeira vez, precisamos de mais gente empenhada e activa, a nossa Iniciativa Legislativa de Cidadãos tem de demonstrar que a Cidadania tem força, tem poder.
Será o início de uma mudança de paradigma para a próxima legislatura. 
Vamos em Frente, vamos vencer as PPP-Rodoviárias. 

13 de Dezembro de 2018
Maria Teresa Serrenho