quinta-feira, 1 de junho de 2017

Janela da Frente - A SELFIE DE MARCELO COM OBIANG - Paulo de Morais



A selfie de Marcelo com Obiang

O ditador Teodoro Obiang, presidente da Guiné Equatorial desde os anos setenta do século XX, foi recebido de braços abertos na Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Em 2014, pela mão do mítico resistente timorense Xanana Gusmão, a Guiné Equatorial passou a integrar a CPLP.
A admissão da Guiné Equatorial na organização foi incentivada pelo corrupto presidente angolano Eduardo dos Santos e ainda apadrinhada pelo presidente português de então, Cavaco Silva. E nem mesmo o facto de naquele país se não falar português e subsistir a pena de morte constituiu qualquer impedimento. O estado português, um dos primeiros a abolir a pena de morte – há exactamente 150 anos – desonrou assim a sua memória ao sancionar a adesão da Guiné Equatorial. À época – e já lá vão três anos – anunciava-se que estes problemas seriam de imediato resolvidos pela via da diplomacia.
Facto é que, volvido todo este tempo, a Guiné Equatorial mantém-se um dos mais retrógrados estados africanos: subsiste a pena de morte, é o quarto país com menor liberdade de imprensa do mundo, só ultrapassado, pela negativa, pelo Irão, Síria e Azerbaijão. A corrupção é o modelo de governo de Obiang e de seu filho que é, simultaneamente – pasme-se! - vice-presidente do país.
Nos últimos três anos, desde que a Guiné Equatorial se instalou na CPLP, Portugal já substituiu, pela via democrática, o chefe de Estado e o chefe de Governo, hoje, Marcelo e António Costa. Será que o Presidente da República e o Primeiro-Ministro de Portugal irão exigir a expulsão da Guiné Equatorial da CPLP? Ou irão continuar a assistir, impávidos e serenos (e cúmplices) a esta violação permanente dos Direitos do Homem num país que é, afinal, seu parceiro preferencial na comunidade internacional?
Na próxima cimeira, irá Marcelo tirar uma selfie com Obiang?