Lobos disfarçados de…
Advogados
Os maiores centros de
poder, as verdadeiras sociedades secretas: são as firmas de advogados. Representam
os interesses privados dos seus clientes, o que é legítimo. Mas já não é
aceitável que estejam envolvidas na elaboração de Leis, que dominem a política
ou que condicionem a comunicação social.
Os mais famosos advogados
do País intervêm permanentemente no espaço público, mas habitualmente sob disfarce.
Uma das mais poderosas é a “Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva e
Associados”. Tem lançado ao longo dos anos jovens na política, como os
centristas Assunção Cristas, Adolfo Mesquita Nunes ou Mendes da Silva. É sócio
desta firma Lobo Xavier, que comenta na SIC economia ou política, sem que os
espectadores se apercebam das suas fidelidades ao Grupo Mota-Engil, à Sonae, ao
BPI e a outros tantos interesses. Firma também especialista em influenciar e
coagir a opinião pública, através do domínio dos espaços de comentário
político, é a poderosa “PLMJ”. Enxameia o espaço público com os seus
representantes José Miguel Júdice, Nuno Morais Sarmento ou Luís Pais Antunes. A
Abreu Advogados, gigante da advocacia, tem por seu porta-voz o social-democrata
Luís Marques Mendes; enquanto a Sérvulo Correia tem ao seu serviço o centrista
Diogo Feio. Luís Nobre Guedes e Pedro Mota Soares integram a NGMS,
representação em Portugal do poderoso conglomerado Andersen Tax. Usam a seu
bel-prazer o espaço mediático, defendendo os interesses de seus clientes, sob a
capa de comentadores independentes.
O controlo dos media é,
hoje por hoje, uma das principais funções dos advogados poderosos portugueses.
A “Uria Menendez” representa, através de Proença de Carvalho, os interesses de
Eduardo dos Santos, Ricardo Salgado e Sócrates. Proença faz comentário político
na TSF sem revelar a quem serve. Como preside à Administração do “Jornal de
Notícias”, pode censurar vozes incómodas aos negócios dos seus clientes.
Mas não ficam por aqui. É
também nestas sociedades que vem sendo produzida a legislação que mais prejudica os contribuintes,
como a das ruinosas parcerias público-privadas, que teve origem em sociedades
como a “Jardim, Sampaio, Magalhães e Silva”, do socialista Vera Jardim e do
ex-Presidente Sampaio; ou até a elaboração do pernicioso e confuso Código de
Contratação Pública, com origem na Sérvulo &Associados.
Em Portugal, é comum
exigir-se, a cada passo, que actores públicos revelem as suas ligações à
Maçonaria e à Opus Dei, para assim evidenciarem cumplicidades secretas. Talvez
não fosse mau. Mas o que é mesmo necessário e urgente é que todos revelem as
suas afiliações às sociedades de advogados. Pois são estas as verdadeiras e
as mais perversas irmandades do regime.
Paulo de Morais
26/07/2018
Paulo de Morais
26/07/2018