quinta-feira, 22 de maio de 2025

Frente Cívica reclama indemnizações pelo apagão de 28 de Abril

 

A Frente Cívica escreveu esta quinta-feira ao primeiro-ministro, para pedir que o Governo cobre à REN uma indemnização pelos prejuízos causados pela interrupção do abastecimento de electricidade que ocorreu em Portugal a 28 de Abril passado. «A actividade económica parou, negócios perderam stocks de produtos perecíveis, os portugueses temeram pela sua segurança, e em pelo menos um caso, a falha de energia provocou ou contribuiu para a morte de uma pessoa», recorda a associação, na carta enviada.

Calculando o impacto do apagão na produção do país, com base no valor do PIB de 2024, a Frente Cívica aponta, em consonância com outras estimativas já publicadas, um prejuízo para Portugal da ordem dos 780,5 milhões de euros. «Em nosso entendimento, a entidade responsável por este e outros prejuízos é a REN – Redes Eléctricas Nacionais, uma vez que é a esta empresa que compete fazer a gestão global da rede eléctrica e garantir o fornecimento do serviço eléctrico em contínuo e em permanência. E, a este nível, na sua primeira e principal missão, a REN falhou em toda a linha, ou em toda a rede», lê-se na missiva.

«Dado que a REN fracassou na função que lhe foi atribuída pelo Estado e pelos portugueses, deve agora indemnizar-nos a todos enquanto cidadãos», apela a Frente Cívica. A associação exorta o Governo a cobrar à gestora da rede uma indemnização de 780,5 milhões de euros, «que permita ao Estado acudir aos prejuízos incorridos pelos agentes económicos afectados pelo apagão. Na eventualidade de não conseguir indemnizar, a REN poderá sempre entregar a concessão de volta ao Estado português, legítimo representante dos cidadãos ludibriados pela sua incúria», conclui a Frente Cívica. 

Anexa-se, para conhecimento, a carta enviada esta quinta-feira.

 

Exmo. Sr. Primeiro-Ministro,

Dr. Luís Montenegro

 

 

ASSUNTO: Falha de energia de 28 de Abril de 2025

DATA: 22 de Maio de 2025

 

 

Exmo. Senhor Primeiro-Ministro,

A falha de energia generalizada que se verificou em Portugal no último dia 28 de Abril teve um impacto na sociedade portuguesa de consequências cuja dimensão jamais conseguiremos determinar. Nos transtornos causados, na insegurança e alarme público que provocaram, foram devastadores os efeitos sentidos por cidadãos e empresas, a nível, social, económico, psicossocial e político. A actividade económica parou, negócios perderam stocks de produtos perecíveis, os portugueses temeram pela sua segurança, e em pelo menos um caso, a falha de energia provocou ou contribuiu para a morte de uma pessoa.

Alguns dos impactos e prejuízos do “apagão eléctrico” são intangíveis, nomeadamente na reputação do país como destino fiável e atractivo para o investimento estrangeiro. Mas o dano económico imediato é passível de uma estimativa. Um dia de trabalho destruído (sem contar outros prejuízos, como perdas de inventário, de maquinaria ou custos de oportunidade) é mensurável de forma simples e clara: considerando o valor de 284,9 milhares de milhões de euros do PIB português de 2024, que representa 780,5 milhões de euros em média diária, consideramos, salvo melhor opinião, ser este o valor do qual devem ser ressarcidos os portugueses.

Em nosso entendimento, a entidade responsável por este e outros prejuízos é a REN – Redes Eléctricas Nacionais, uma vez que é a esta empresa que compete fazer a gestão global da rede eléctrica e garantir o fornecimento do serviço eléctrico em contínuo e em permanência. E, a este nível, na sua primeira e principal missão, a REN falhou em toda a linha, ou em toda a rede. Cabe portanto ao concessionário assumir os prejuízos da falha de abastecimento eléctrico, que deve ser pago no montante acima apurado a título de indemnização ao concedente, o Estado português.

Dado que a REN fracassou na função que lhe foi atribuída pelo Estado e pelos portugueses, deve agora indemnizar-nos a todos enquanto cidadãos. Por esta razão, exortamos o Estado português, através do seu Governo, a cobrar à REN uma indemnização de 780,5 milhões de euros, que permita ao Estado acudir aos prejuízos incorridos pelos agentes económicos afectados pelo apagão. Na eventualidade de não conseguir indemnizar, a REN poderá sempre entregar a concessão de volta ao Estado português, legítimo representante dos cidadãos ludibriados pela sua incúria.

 

Com os melhores cumprimentos,

Pela Frente Cívica,

 

Uma imagem com cabide, inseto

Descrição gerada automaticamente 

 

 Paulo de Morais, Presidente

 

 

 

João Paulo Batalha, Vice-Presidente