domingo, 5 de fevereiro de 2017

Janela da Frente - CHEGA DE ABUSOS - Maria Teresa Serrenho


Chega de Abusos!



Desde muito pequeninos que as crianças têm um verdadeiro fascínio pela publicidade na televisão. As cores, a música e o movimento facilmente captam a sua atenção e as fazem ficar quase hipnotizadas. E, se por um lado as crianças se fascinam com a publicidade televisiva, por outro lado, muito facilmente são as crianças que são utilizadas para fazerem prender a atenção dos adultos para a publicidade.
Os anúncios feitos por crianças (sempre lindas e de olhos ternurentos), são uma “arma” de sedução que capta, mesmo que inconscientemente a atenção dos adultos, especialmente dos que são progenitores.
Não é legítimo que se utilizem as crianças, incautas e inocentes, para vender muitas vezes produtos que nada têm a ver com elas!
Estes actos são verdadeiramente atentados à dignidade da pessoa humana, e, não obstante existirem convenções internacionais, estas continuam a ser ignoradas e desrespeitadas.
Claro que há outras situações preocupantes e criticáveis, como a infelizmente já “tradicional”, utilização da mulher em anúncios de tudo e mais alguma coisa, o que apesar de vulgarizado, não deixa de ser um desrespeito e um atentado à mulher e à sua dignidade enquanto ser humano.
Mais recentemente, o envelhecimento da população, abriu um novo e promissor publico alvo, o dos idosos. Logo apareceram muitos anúncios utilizando idosos, mais uma vez num aproveitamento abusivo e desproporcionado da vulnerabilidade de uma outra faixa etária.
Acresce a estes abusos, a completa iliteracia dos cidadãos na interpretação das mensagens publicitárias, que muitas vezes são utilizadas, como se de informações credíveis se tratassem, aparecendo elementos credibilizadores a dar sustentabilidade a publicidade enganosa ou encapuçada.
Mas as crianças são sem dúvida na publicidade, o elo mais frágil e indefeso. Tem sido gritante a falta de ética e a ilegalidade constatada ao longo de anos, num desrespeito pela dignidade da criança.
Neste, e noutros casos, deveriam ser as crianças, as primeiras a aprender a defender-se da publicidade agressiva. Na escola deveria existir formação numa perspectiva critica e analítica, para a defesa do cidadão em geral e muito especificamente na defesa dos direitos do cidadão consumidor.
Os anúncios televisivos são formas legitimas de publicitar serviços e produtos, se forem utilizados, com ética e respeito. Só assim dignificarão a estação de televisão, o produto que publicitam e aqueles que são afinal o objecto da sua acção, o cidadão consumidor!