quinta-feira, 2 de março de 2017

Janela da Frente - AUTÁRQUICAS: MENOS PROPAGANDA E MAIS IDEIAS! - Paulo de Morais






Autárquicas: menos propaganda e mais ideias!

As eleições autárquicas já fervilham. Já se prepara a propaganda. Vão-se multiplicar outdoors aos milhares pelas ruas, avenidas e estradas de Portugal. Os partidos não farão contas aos gastos, em campanha não se pouparão a nada: cartazes sem limite, jantaradas, passeios, caravanas de jotinhas. O dinheiro aparece sempre, o financiamento partidário é ilimitado. A campanha será, assim, na maior parte dos casos, uma manifestação de poder e riqueza, um circo, um misto de alarvidade e novo-riquismo.
Nos esquemas de financiamento partidário, ganham todos... menos os cidadãos. Os partidos beneficiam de fundos ilimitados para as acções de campanha.
Mas os que mais têm ganho com o esquema nem sequer são os partidos. Os maiores beneficiários têm sido de facto os grandes financiadores: banqueiros como os Espírito Santo, industriais como Américo Amorim ou grandes construtores como António Mota; a que se juntaram os financiadores locais, empreiteiros “patos bravos” sempre à espreita de oportunidades de especulação imobiliária.
Depois de eleitos os políticos agradecem, exercendo os seus cargos em proveito de quem os financia. Não terá sido por acaso que Américo Amorim viu prescrever o caso de fraude de milhões em verbas do Fundo Social Europeu, que Mota recebeu de mão beijada dezenas de parcerias público privadas ou que Ricardo Salgado mantém até hoje o seu património, não obstante ser perseguido pela Justiça e apesar dos prejuízos que causou ao país. Também os promotores imobiliários locais empreendem, impunemente, projectos ilegais; e transformam, como que por magia, terrenos agrícolas em urbanizáveis, com ganhos de 700% ou mais, apenas equivalentes em lucro ao tráfico de droga. 
É necessário quebrar este ciclo de poder e de dinheiro. As campanhas espalhafatosas têm de acabar. Devemos seguir o exemplo de países europeus ricos e desenvolvidos. Talvez com menos propaganda, os eleitores comecem a comparecer mais nas urnas. Política menos corrupta, mais séria, mais ecológica, mais humana – precisa-se! Menos propaganda e mais ideias.