domingo, 19 de março de 2017

Janela da Frente - HÁ MARATONAS E MARATONAS!... - Maria Teresa Serrenho


Há maratonas e maratonas!...

Depois de ter participado na Mini Maratona de Lisboa, é difícil de falar, hoje, sobre outro assunto… Por isso vou mesmo falar do acontecimento do dia, a Meia Maratona de Lisboa, que levou milhares de pessoas a atravessarem a pé a Ponte 25 de Abril.

E começo por uma reflexão que fizemos e sobre a qual nos questionámos: como é que quarenta e tal mil pessoas se disponibilizam a pagar, uma quantia razoável, para participar num evento como este? E, como é que, tão poucas, se mobilizariam numa maratona, numa jornada ou numa manifestação, onde se reclamasse e lutasse,  face às injustiças lesivas do bem comum, lesivas do seu próprio interesse e do seu bem estar?

Claro que a conotação é completamente diferente, claro que num caso é um acto recreativo e no outro seria um acto de acção e intervenção cívica.

Na maratona, muitos fazem verdadeiras acrobacias para atrair a atenção, muitos se esforçam para hipoteticamente conseguirem aparecer na televisão.

E, se fosse numa manifestação? Ou não estariam lá, ou provavelmente esconder-se-iam atrás de outros, com “medo” que o reconhecessem, ou que alguém o confrontasse com essa participação!...

Mas, falemos então da maratona… o meu objectivo primeiro e se calhar o de muitos outros, era poder observar Lisboa de um ângulo privilegiado, e valeu a pena por isso. A vista deslumbrante da ponte, quer para Lisboa, quer para Belém, é realmente fantástica.

Quanto à organização, correu muito bem, e, controlar quase 45 000 pessoas, não é brincadeira.

Pela negativa, tenho a lamentar a falta de civismo de muitos participantes, que deixaram, logo na partida, na praça da portagem, montes de lixo, de roupas, de sacos, de garrafas, cascas, sei lá… e pelo caminho, depois de nos ter sido oferecida água (que foi muito bem vinda), encontrámos centenas de garrafas no chão e não foi porque não houvesse muitos caixotes de lixo pelo caminho!

Esta falta de respeito pelo bem comum, esta falta de sentido dos outros, mais do que a simples falta de educação é provavelmente a manifestação do egoísmo e do individualismo que dominam o mundo actual, numa desresponsabilização e alheamento, que afinal, talvez responda à minha questão inicial!...


Maria Teresa Serrenho