Portugal um País? Ou uma Imitação?
Hoje de manhã ouvi na Antena
1 “A Mosca”, um espaço diário, de
segunda a sexta, com um olhar irónico e bem-disposto do cartoonista Luís Afonso.
Este é habitualmente um espaço bem-humorado mas sempre atento à actualidade. O
assunto de hoje começava por relatar que a economia portuguesa perde anualmente
1000 milhões de euros em contrafacções… chegando à conclusão que afinal, até o
país parece ser uma imitação.
Fiquei
a pensar na ironia do episódio. Na realidade os portugueses têm muita tendência
para a imitação, estando sempre a tentar fazer réplicas, nem sempre bem-sucedidas, quantas
vezes fracas cópias, daquilo que vêem lá fora, desde grandes intervenções
sociais e politicas, até às modas mais ou menos mesquinhas.
O
snobismo e a cultura da aparência ajudam a que se mantenham estes níveis elevados
de imitações, mais ou menos legais ou sonegados. São os perfumes, as roupas, as
malas, as sapatilhas, enfim o que interessa não é ser, é sobretudo o parecer.
Mas nem tudo o que parece é!...
E
num país de imitação e de faz de conta, faz-se de conta, que não há desemprego,
que não há pobreza, faz-se de conta que estamos no melhor dos países!
Imita-se
a aparente aplicação da justiça, onde não se vislumbra uma actuação efectiva e
consequente.
E
quando os outros deviam imitar-nos a nós, como no nosso Sistema Nacional de
Saúde, considerado um dos melhores da Europa, deparamo-nos com estratégias de
apoio aos privados, com desinvestimento material e de recursos humanos,
correndo-se o risco de termos um Sistema Nacional de Saúde, que é uma imitação
de si mesmo.
Depois,
temos uma imitação de Democracia Participativa, em que os cidadãos não são incentivados
a participar em nada e se conformam, com muita discussão à volta do futebol ou
de qualquer outro tema, que vai sendo lançado para os ir entretendo, enquanto
os problemas sérios, vão tendo “imitações” de solução.
E
vamo-nos contentando com as imitações em todas as áreas, temos uma imitação de
educação em que se desvalorizam professores e escolas, em que se abordam rankings,
mas não pedagogias, metodologias, métodos ou conteúdos. O que importa é imitar
resultados aparentes, em que se dá enfoque ao supérfluo e se despreza o essencial.
Só
professores reconhecidos e emocionalmente estáveis podem dar aos seus alunos a disponibilidade
de que necessitam.
E
para deixarmos de ser uma “imitação” de País precisamos de investir seriamente
na produção de uma Educação séria, onde se construam Cidadãos únicos e
originais, que saibam pensar por si, que tenham capacidade de observação
critica, que consigam construir saberes e transportem consigo a sede constante
do conhecimento, da
criatividade, do dinamismo e da capacidade de comprometimento com a sociedade.
Até porque o
Povo Português tem sido ao longo da História, um povo criativo, destemido, humanista
e de horizontes largos, não pode deixar que os diversos poderes o dominem com
medos e distracções, se esta “imitação” de políticos tem transformado o país numa
pseudo-imitação, o seu povo é forte e genuíno, só precisa de voltar a ser quem
é, Português, original e único, capaz de pegar nas suas mãos o destino que quer
dar ao seu país, um país que não pode ser imitado.
Maria Teresa
Serrenho
7 de Junho de
2018