A selfie de Marcelo com Obiang
O ditador
Teodoro Obiang, presidente da Guiné Equatorial desde os anos setenta do século
XX, foi recebido de braços abertos na Comunidade de Países de Língua
Portuguesa. Em 2014, pela mão do mítico resistente timorense Xanana Gusmão, a
Guiné Equatorial passou a integrar a CPLP.
A admissão
da Guiné Equatorial na organização foi incentivada pelo corrupto presidente
angolano Eduardo dos Santos e ainda apadrinhada pelo presidente português de
então, Cavaco Silva. E nem mesmo o facto de naquele país se não falar português
e subsistir a pena de morte constituiu qualquer impedimento. O estado
português, um dos primeiros a abolir a pena de morte – há exactamente 150 anos
– desonrou assim a sua memória ao sancionar a adesão da Guiné Equatorial. À
época – e já lá vão três anos – anunciava-se que estes problemas seriam de
imediato resolvidos pela via da diplomacia.
Facto é
que, volvido todo este tempo, a Guiné Equatorial mantém-se um dos mais retrógrados estados africanos: subsiste a pena de morte, é o quarto país com
menor liberdade de imprensa do mundo, só ultrapassado, pela negativa, pelo
Irão, Síria e Azerbaijão. A corrupção é o modelo de governo de Obiang e de seu
filho que é, simultaneamente – pasme-se! - vice-presidente do país.
Nos
últimos três anos, desde que a Guiné Equatorial se instalou na CPLP, Portugal
já substituiu, pela via democrática, o chefe de Estado e o chefe de Governo,
hoje, Marcelo e António Costa. Será que o Presidente da República e o
Primeiro-Ministro de Portugal irão exigir a expulsão da Guiné Equatorial da
CPLP? Ou irão continuar a assistir, impávidos e serenos (e cúmplices) a esta
violação permanente dos Direitos do Homem num país que é, afinal, seu parceiro
preferencial na comunidade internacional?
Na
próxima cimeira, irá Marcelo tirar uma selfie com Obiang?