PPP Rodoviárias – “Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal”
Decidi vir hoje ao vosso encontro, não para vos importunar nesse
merecido descanso, o repouso em família ou o convívio com amigos, um contexto
estival em que as conversas fluem e se estabelecem frugais relações de amizade,
normalmente com o mar por horizonte, essa massa de água salgada que encantou poetas,
como Camões, e doutores da igreja, como Santo António, a que alguns atribuem ser de
Pádua e outros de Lisboa.
Santo António é um dos santos
mais populares da Igreja Católica e a sua imagem está indissociavelmente ligada
ao famoso Sermão de Santo António aos Peixes, pela indeclinável atitude que a
este franciscano se atribui, uma vez que, ao tentar pregar, sem sucesso, a
palavra católica aos “hereges”, decidiu pregar aos peixes, já que mais ninguém
se dignava ouvi-lo.
Permitam-me que, com o devido
respeito e a devida vénia a ambos, aqui estabeleça uma similitude entre a indeclinável
firmeza de Santo António e a perseverança do Dr. Paulo de Morais na luta contra
a corrupção e de uma forma particular na extinção dos ruinosos contratos das
PPP rodoviárias. Os objectivos, como veremos, os mesmos, “o sal da terra”.
Quanto aos meios e aos fins, já
não direi o mesmo, porque se por um lado Santo António tentou converter os “hereges”
e acabou a pregar aos peixes, Paulo de Morais não veio para doutrinar a
sociedade ao exercício da cidadania, é antes, um exemplo de cidadania, deu o
corpo às balas e denunciou a corrupção e os corruptos, afrontou pelas vias
legais as Instituições e os órgãos da tutela, enfrentou lóbis poderosos que lhe
moveram processos crime por difamação e todos levou de vencida, criou a Frente
Cívica, uma rede de pensamento e acção colectivos que procura combater os
problemas crónicos da sociedade portuguesa. Quanto aos fins, Paulo de Morais,
jamais decidirá pregar aos peixes, porque preside a um movimento de cidadãos
para cidadãos, em que todos se revêm no mesmo propósito, isto é, reflectir sobre
os problemas sociais e políticos que afectam Portugal e pugnar pela sua
resolução em benefício do colectivo.
A luta do momento é a recolha de
20.000 assinaturas que permita apresentar no Parlamento um projeto de Lei que
visa extinguir os contratos de parcerias público-privadas do domínio
rodoviário, permitindo uma poupança ao erário público superior a onze mil milhões
de euros (11 000 000 000 €), algo que, no plano social representaria a
construção de 33 novos hospitais, no plano educativo a construção de 2.200 novas
escolas, entre tantas outras opções, mas que no plano macro económico representa
custos astronómicos de 4 milhões de euros/DIA; 1.500 milhões de euros/ até
final do ANO; 18.000 milhões de euros/ até 2039.
Tinha conhecimento desta anomia financeira
que a TODOS afecta?
Não, porque os canais
televisivos, estão capturados por “tubarões” económicos em obediência a alguns
tubarões da política, normalmente coincidentes e em sintonia com o partido que
governa, os designados “pregadores” do sistema, e estes aquários televisivos onde
“o sal da terra” não entra, porque o
efeito do sal é impedir a corrupção, sendo que, quando o sal perde a substancia
e a virtude, e o pregador falta à doutrina e ao exemplo, a água torna-se lodosa,
inútil, há que lançá-la fora porque é no meio deste lodo que os peixes grandes
comem os pequenos, às vezes, cardumes inteiros.
Seria um impropério dizer que os
peixes de água salobra são todos uma só coisa. Não, eles existem e alteram seus
comportamentos em função da salinidade da água, e esta por sua vez, altera-se na
razão directa da evaporação mediática, é por isso que, de quando em vez se
eterizam alguns políticos, para retocar suas formas, cores e comportamentos,
flutuações diárias, sazonais, mas voltam, disfarçados de peixe de água-doce dispostos
a servir-se nos banquetes dos mesmos tubarões letais.
Vem tudo isto a propósito da
forma discricionária como tem sido afastada das grandes audiências televisivas,
a luta pela extinção das PPP rodoviárias, em que Paulo de Morais, em
representação da Frente Cívica, é o expoente máximo dessa luta, o sal da terra, que tenta impedir a
delapidação do erário público no valor de 11 mil milhões, em benefício de
privados, as concessionárias.
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VAMOS, em Frente…
Jorge Amaro
18/08/2018