domingo, 25 de dezembro de 2016

Janela da Frente - UM DESAFIO ESPECIAL - Maria Teresa Serrenho






 


UM DESAFIO ESPECIAL


Hoje foi Dia de Natal!


Mais do que toda a simbologia ligada a este dia, para mim foi, sobretudo, mais um dia de reunião de família.

Algumas famílias só se podem reunir nesta época. Não é felizmente o nosso caso e é sempre muito gratificante ter a casa cheia e comemorarmos o estarmos juntos e o querermo-nos bem. Este ano faltou o meu filho. Ficou longe, consequência do tempo que vivemos. Mas em breve o teremos de novo connosco e vai ser outra vez Natal, com toda a família reunida.
Mas nesta época de família e de união, não posso esquecer as muitas famílias cuja mesa não teve a fartura das nossas mesas. Não teve o calor e o conforto de uma casa aconchegada e isso dói.
Fico sempre desagradada com os excessos de falsos esplendores, de luzes exuberantes nas ruas das cidades, com festejos mais ou menos folclóricos e exagerados, onde, em simultâneo, surge a contradição de uma verdadeira explosão de jantares de beneficência ou almoços solidários, de “campanhas” e “donativos”.
Hoje também foi o dia dos que tudo perderam e que se viram obrigados a recorrer a uma qualquer organização para os sem abrigo, onde gente bem intencionada lava a alma, num altruísmo que acaba por pactuar com o egoísmo de outros que empurraram, com a sua ganância, com a vil corrupção e a sede de poderes, uma parte destas pessoas, que tiveram as suas vidas organizadas e que agora se vêem empurradas para esta triste humilhação.

Mas hoje foi também um dia da Mulher.

Da Mulher mãe, avó, filha… Da Mulher que tudo achou pouco para colocar na mesa para a família. Da mulher que contou os míseros tostões, fazendo contas e mais contas para que “chegue para tudo”. Da mulher que decorou a sua casa, a sua mesa, que mimou, conforme pôde, a sua prole.
Da mulher que tudo faz pelos seus, mas que se limita ao conformismo das contingências da vida, trabalhando em casa e fora dela, mas abstendo-se muitas vezes de participar na vida politica e social, de forma interventiva.
Quando, em eventos públicos, vejo plateias cinzentas (dos fatos dos homens), em que apenas se reconhecem cinco ou seis pinceladas de cor, das vestimentas femininas, geralmente mais coloridas e menos uniformizantes, não posso deixar de me questionar:
- Onde estão as Mulheres?
Estamos numa sociedade pouco participativa, é certo, mas a participação feminina é significativamente, ainda, mais reduzida. Porque será?
Será porque consideram que não vale a pena? (porque afinal fica sempre tudo na mesma!...)
Será que é por não terem tempo?
Porque têm medo de se expor?
Será porque não têm a consciência de que o bem estar dos seus, também se constrói se tivermos uma sociedade melhor?
Porquê?
Quando, em Portugal, uma grande maioria de mulheres tem mais formação académica que os homens, onde estão elas? Porque não as vemos nos debates, nos comentadores das televisões, nas autarquias, na Assembleia, no Governo?

Permitam-me que neste dia de Natal deixe uma mensagem e um desafio especial para as Mulheres:

Ser Mulher tem que ser muito mais do que ser esposa e mãe (por mais que esses papeis nos dignifiquem e realizem).
Somos muito fortes e determinadas, como aliás provamos todos os dias. É preciso que assumamos o nosso verdadeiro papel na sociedade e na política. Que assumamos com responsabilidade, que podemos fazer a diferença, tão necessária para que a nossa sociedade seja mais justa, mais honesta e equilibrada. Para que deixemos aos nossos filhos e netos um Portugal melhor!
Coloque, pois, na sua lista de desejos para 2017 um novo compromisso de participação cívica activa. Um Novo Ano vai chegar em breve, que seja um BOM ANO para TODOS.