Prioridade ao Espaço Público
As Câmaras Municipais têm
como primeira missão a gestão e manutenção de todo o espaço público, mas esta
função tem sido completamente esquecida. Não há quaisquer sistemas de
manutenção da via pública nas cidades, falha a vigilância territorial nos
espaços rurais. Inverter esta tendência é um dos maiores desafios do poder
local emergente das eleições de 2017; que estão à porta.
Nas zonas urbanas, em
particular nas áreas metropolitanas, as ruas, os passeios, os jardins estão num
estado deplorável. Passear nas cidades é um suplício. O risco de tropeçar em
cada buraco num passeio é constante, afectando em particular os mais idosos.
Quem viaja de autocarro, vê as suas colunas muito maltratadas face às
irregularidades dos pisos das ruas. Como também não são limpas as condutas de
águas pluviais, às primeiras chuvadas as cidades ficam inundadas. De tempos a
tempos, há derrocadas de prédios, porque as câmaras abdicam do seu papel de
fiscalizadores da segurança e salubridade dos edifícios. A iluminação é
inexistente em algumas zonas, noutras abundam as lâmpadas fundidas; as
consequências em termos de insegurança são inquietantes.
Nos meios rurais o panorama
é análogo. O alheamento dos autarcas levou ao abandono do território e colocou
este à mercê dos incêndios de verão, com as consequências que sentimos todos os
anos. Morrem bombeiros, gasta-se centenas de milhões no combate aos fogos,
abdica-se de potenciais lucros com comercialização de biomassa. Enquanto isto,
as entidades públicas persistem num sistema de combate a incêndios cujos
resultados são miseráveis e beneficiam apenas algumas máfias que se apoderaram
do "negócio dos fogos".
Em vésperas de eleições
autárquicas, de renovação no poder local, espera-se agora que não haja apenas
uma mudança de nomes e dança de cadeiras, mas sim uma verdadeira regeneração. É
bem necessária.