Autárquicas: menos propaganda e mais ideias!
As eleições
autárquicas já fervilham. Já se prepara a propaganda. Vão-se multiplicar outdoors
aos milhares pelas ruas, avenidas e estradas de Portugal. Os partidos não farão
contas aos gastos, em campanha não se pouparão a nada: cartazes sem limite,
jantaradas, passeios, caravanas de jotinhas. O dinheiro aparece sempre, o
financiamento partidário é ilimitado. A campanha será, assim, na maior parte
dos casos, uma manifestação de poder e riqueza, um circo, um misto de
alarvidade e novo-riquismo.
Nos esquemas de
financiamento partidário, ganham todos... menos os cidadãos. Os partidos
beneficiam de fundos ilimitados para as acções de campanha.
Mas os que mais
têm ganho com o esquema nem sequer são os partidos. Os maiores beneficiários
têm sido de facto os grandes financiadores: banqueiros como os Espírito Santo,
industriais como Américo Amorim ou grandes construtores como António Mota; a
que se juntaram os financiadores locais, empreiteiros “patos bravos” sempre à
espreita de oportunidades de especulação imobiliária.
Depois de
eleitos os políticos agradecem, exercendo os seus cargos em proveito de quem os
financia. Não terá sido por acaso que Américo Amorim viu prescrever o caso de
fraude de milhões em verbas do Fundo Social Europeu, que Mota recebeu de mão
beijada dezenas de parcerias público privadas ou que Ricardo Salgado mantém até
hoje o seu património, não obstante ser perseguido pela Justiça e apesar dos
prejuízos que causou ao país. Também os promotores imobiliários locais
empreendem, impunemente, projectos ilegais; e transformam, como que por magia,
terrenos agrícolas em urbanizáveis, com ganhos de 700% ou mais, apenas
equivalentes em lucro ao tráfico de droga.
É necessário
quebrar este ciclo de poder e de dinheiro. As campanhas espalhafatosas têm de
acabar. Devemos seguir o exemplo de países europeus ricos e desenvolvidos.
Talvez com menos propaganda, os eleitores comecem a comparecer mais nas urnas.
Política menos corrupta, mais séria, mais ecológica, mais humana – precisa-se!
Menos propaganda e mais ideias.