Há maratonas e maratonas!...
Depois de ter participado na Mini Maratona de Lisboa, é difícil
de falar, hoje, sobre outro assunto… Por isso vou mesmo falar do acontecimento
do dia, a Meia Maratona de Lisboa, que levou milhares de pessoas a atravessarem
a pé a Ponte 25 de Abril.
E começo por uma reflexão que fizemos e sobre a qual nos
questionámos: como é que quarenta e tal mil pessoas se disponibilizam a pagar,
uma quantia razoável, para participar num evento como este? E, como é que, tão
poucas, se mobilizariam numa maratona, numa jornada ou numa manifestação, onde se reclamasse e lutasse, face às injustiças lesivas do bem comum,
lesivas do seu próprio interesse e do seu bem estar?
Claro que a conotação é completamente diferente, claro que
num caso é um acto recreativo e no outro seria um acto de acção e intervenção cívica.
Na maratona, muitos fazem verdadeiras acrobacias para
atrair a atenção, muitos se esforçam para hipoteticamente conseguirem aparecer na
televisão.
E, se fosse numa manifestação? Ou não estariam lá, ou provavelmente
esconder-se-iam atrás de outros, com “medo” que o reconhecessem, ou que alguém
o confrontasse com essa participação!...
Mas, falemos então da maratona… o meu objectivo primeiro e
se calhar o de muitos outros, era poder observar Lisboa de um ângulo privilegiado,
e valeu a pena por isso. A vista deslumbrante da ponte, quer para Lisboa, quer
para Belém, é realmente fantástica.
Quanto à organização, correu muito bem, e, controlar quase
45 000 pessoas, não é brincadeira.
Pela negativa, tenho a lamentar a falta de civismo de muitos
participantes, que deixaram, logo na partida, na praça da portagem, montes de
lixo, de roupas, de sacos, de garrafas, cascas, sei lá… e pelo caminho, depois
de nos ter sido oferecida água (que foi muito bem vinda), encontrámos centenas
de garrafas no chão e não foi porque não houvesse muitos caixotes de lixo pelo
caminho!
Esta falta de respeito pelo bem comum, esta falta de sentido
dos outros, mais do que a simples falta de educação é provavelmente a
manifestação do egoísmo e do individualismo que dominam o mundo actual, numa
desresponsabilização e alheamento, que afinal, talvez responda à minha questão
inicial!...
Maria Teresa Serrenho