Contas
de cabeça (perdida)
As
contas do estado estão sempre no centro da discussão política. Mas,
paradoxalmente, os debates sobre a economia nacional decorrem sem... contas ou
números. E é pena. Seria bom que os portugueses tivessem noção de quanto pagam
para o seu estado, administração central e local, e quais as contrapartidas de
que usufruem.
Mesmo
aquando da discussão anual de cada Orçamento de Estado, o debate público incide
apenas sobre três ou quatro medidas, habitualmente de âmbito fiscal, e nunca
sobre a forma como se despendem os cerca de oitenta mil milhões em cada ano.
Aliás o Orçamento, que deveria ser um de documento a definir a distribuição da
despesa, em função da receita prevista, é justamente o contrário: diz-nos como
vai o Estado sacar recursos aos contribuintes, em função das despesas que
pretende efectuar.
Mas
atenção! Os gastos do estado não ficam por aqui. Há que considerar ainda os orçamentos
das autarquias, que no conjunto somam mais cerca de dez mil milhões,
aproximadamente. E, com estes recursos, as câmaras cuidam como deviam do espaço
público, evitam crimes urbanísticos, fomentam qualidade de vida? Obviamente que
não!
A
todas estas despesas juntam-se ainda os Institutos Públicos, Empresas
Municipais ou até os permanentes subsídios à Banca. Só para a Caixa Geral de
Depósitos irão em 2017, cinco mil milhões. Uma sangria permanente de recursos
públicos. No final, o Povo é que paga.
Mas,
incompreensivelmente, os portugueses não se preocupam em quantificar com rigor
as suas contribuições para os gastos públicos. E nem sequer avaliam a relação
custo-benefício entre o que pagam de impostos e o que recebem como compensação.
E afinal seria fácil chegar rapidamente a muitas conclusões. Bastaria fazer
umas (poucas) contas de cabeça. As contas seriam fáceis, com os resultados a
pôr qualquer um de cabeça à roda. Mas, não fazendo contas, os cidadãos ficam
condenados a ficar de cabeça perdida.