quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Janela da Frente - ANO NOVO, LIVRO BOM! - Paulo de Morais




Ano novo, livro bom!


No fim de cada ano escolar, milhões de manuais escolares vão directamente para o lixo: um verdadeiro crime, ecológico e económico. A sua inutilização poderia ser evitada por uma simples medida: a reutilização por novos alunos. Mas não! Com esta situação obscena lucram as maiores editoras, Porto Editora e Leya, que dominam o negócio. E sofrem as famílias que, no início de cada ano lectivo, gastam fortunas na aquisição de livros.

A inexistência de bancos de troca de livros em todas as escolas públicas é incompreensível. Aí todos os alunos poderiam levantar gratuitamente os manuais, a troco de deixarem os do ano anterior. É assim em toda a Europa: da Noruega a Espanha, passando pela França ou pelo Reino Unido, em todos estes países os manuais são reutilizados. Esta medida é, aliás, também obrigatória em Portugal, pois a legislação determina que “escolas e agrupamentos de escolas devem criar modalidades de empréstimo de manuais escolares”.

Como a Lei tem sido até aqui desprezada, a cada ano, o esforço familiar é enorme e aumenta à medida que os alunos progridem no sistema. Os valores superam as duas centenas de euros, numa escala crescente, insuportável para quem tenha mais que um filho a frequentar a escola.

O facto de estes bancos escolares para troca de livros não serem uma realidade sistemática e regular em Portugal é mais um exemplo das muitas políticas que o Estado não tem feito cumprir, permitindo que os cidadãos sejam, deste modo, e mais uma vez, defraudados.

Aparentemente, este governo quer alterar a situação. Pelo menos, assim o proclamam. Vamos ver se de facto vai enfrentar finalmente as editoras e proteger as famílias. E será que o deixam?