Ano novo, livro bom!
No fim de cada ano
escolar, milhões de manuais escolares vão directamente para o lixo: um verdadeiro
crime, ecológico e económico. A sua inutilização poderia ser evitada por uma
simples medida: a reutilização por novos alunos. Mas não! Com esta situação
obscena lucram as maiores editoras, Porto Editora e Leya, que dominam o negócio.
E sofrem as famílias que, no início de cada ano lectivo, gastam fortunas na
aquisição de livros.
A inexistência de bancos de troca de livros em todas as escolas públicas
é incompreensível. Aí todos os alunos poderiam levantar gratuitamente os
manuais, a troco de deixarem os do ano anterior. É assim em toda a
Europa: da Noruega a Espanha, passando pela França ou pelo Reino Unido, em
todos estes países os manuais são reutilizados. Esta medida é, aliás, também obrigatória
em Portugal, pois a legislação determina que “escolas e agrupamentos de escolas
devem criar modalidades de empréstimo de manuais escolares”.
Como a Lei tem sido até aqui desprezada, a cada ano, o esforço familiar
é enorme e aumenta à medida que os alunos progridem no sistema. Os valores
superam as duas centenas de euros, numa escala crescente, insuportável para
quem tenha mais que um filho a frequentar a escola.
O
facto de estes bancos escolares para troca de livros não serem uma realidade
sistemática e regular em Portugal é mais um exemplo das muitas políticas que o
Estado não tem feito cumprir, permitindo que os cidadãos sejam, deste modo, e
mais uma vez, defraudados.
Aparentemente,
este governo quer alterar a situação. Pelo menos, assim o proclamam. Vamos ver
se de facto vai enfrentar finalmente as editoras e proteger as famílias. E será
que o deixam?