Começou um novo ano e lá
vieram as habituais noticias e reportagens, daqueles que por sorte ou por azar, nasceram
nos primeiros minutos do novo ano.
O destaque destes nascimentos,
prende-se, provavelmente, com alguma necessidade de que o ano comece com mensagens
de esperança. Sim, porque o nascimento de uma criança transmite esperança, alegria e prosperidade.
No entanto nem sempre é assim, infelizmente há
demasiadas histórias sociais e pessoais que condicionam essa felicidade e essa
esperança.
Ouve-se demasiadas vezes, na
voz popular dizer: “Tudo se Cria!”
Ouve-se quando há uma gravidez
inesperada (por descuido, por abuso, por inconsciência na adolescência, etc.),
ou quando se dá uma separação de um casal com filhos, quando falta um dos
progenitores. Enfim… Tudo se cria!...
Mas o que é isso de criar?
Criam-se as galinhas, os bacorinhos, o cabrito, ou até na horta, as couves e as
hortaliças podem ficar bem ou mal criadas, mas não uma criança!...
Claro que não é barato termos
um filho nos dias que correm, há demasiados encargos para que cresçam fortes e
saudáveis.
Mas, muito mais do que
satisfazer as necessidades básicas de alimentar, vestir, calçar e comprar bens
materiais, uma criança precisa de ser amada, e educada.
Precisa de aprender a lidar
com as emoções e com as contrariedades da vida.
Temos pois que oferecer-lhe
uma educação que favoreça o despertar da sua criatividade, dinamismo e a sua
capacidade de comprometimento com a sociedade que a rodeia.
É preciso que conversemos com ela, que ouçamos a sua opinião, que a façamos pensar e escolher os caminhos que quer percorrer, sempre numa óptica de respeito por si própria e pelos outros.
É preciso que conversemos com ela, que ouçamos a sua opinião, que a façamos pensar e escolher os caminhos que quer percorrer, sempre numa óptica de respeito por si própria e pelos outros.
É preciso que ela saiba
reconhecer o valor daquilo que se adquire com esforço, o valor da escola e o
valor do trabalho, como factor realizador dos seres humanos.
Não se quer bem a uma criança
a quem se dá tudo de mão beijada, que recebe recompensas sem qualquer esforço
ou comprometimento, que exige aos pais isto ou aquilo, porque o colega também tem,
sem que essa criança se aperceba, do esforço que os pais fazem para lhe satisfazer
os seus desejos e caprichos.
Mais tarde, será um jovem
constantemente insatisfeito, sem sonhos ou objectivos e mais tarde ainda (por
vezes tarde demais) será um adulto frustrado e irresponsável.
É preciso que a criança cresça
desenvolvendo o Saber. O Saber Fazer, o Saber Ser e o Saber Conviver,
alicerçando os valores éticos de liberdade, e de respeito. Compreendendo-se a
si própria como pessoa. Compreendendo os outros como pessoas seus semelhantes, respeitando
a dignidade humana e comprometendo-se na construção de uma sociedade fraterna,
justa e solidária.
Qualquer criança deveria ter
direito de ser verdadeiramente criança, tendo o carinho e o conforto
necessários, espaços condignos para dormir e para viver, tempo para brincar, tempo
para criar.
Uma criança precisa desenvolver
a capacidade de se relacionar, com o mundo, consigo mesma e com os outros, de
forma a que desenvolva condições de saber amar, de saber questionar, optar,
criar, decidir e agir respeitando-se, respeitando os outros, respeitando os
animais e a natureza.
E não são apenas os pais os responsáveis pela educação das nossas crianças, todos somos responsáveis, porque, todos educamos, com os nossos exemplos, com os nossos gestos e atitudes diárias.
Criar e ser
criativo é realmente fundamental.
Mas não no sentido em que, por vezes, é aplicado.
Sejamos, pois, criativos em
tudo o que fizermos, criando horizontes de esperança, educando cada dia melhor
as nossas crianças no presente, conscientes de só por elas e com elas, se pode criar um melhor futuro.